![](https://static.wixstatic.com/media/2d2d25_b52db127dcbf48f6abe83afb462727e7.jpg/v1/fill/w_1471,h_980,al_c,q_85,enc_avif,quality_auto/2d2d25_b52db127dcbf48f6abe83afb462727e7.jpg)
mackcultura
![](https://static.wixstatic.com/media/2d2d25_1c1a8c42712a4ff5bae14b9b1e814a91.jpg/v1/fill/w_853,h_340,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/2d2d25_1c1a8c42712a4ff5bae14b9b1e814a91.jpg)
Já superamos o tempo em que ser nerd era sinônimo de ser um loser.
Hoje, nada mais estiloso que uma camiseta com o logo do Flash, os óculos do Superman e até a barbinha do Tony Stark, o Homem de Ferro. Falar de Star Wars é um papo bacana e comentar o último episódio de Game of Thrones faz até uma viagem passar mais rápida.
Dentro desse mercado geek cada vez mais expansivo e divertido estão os bonecos colecionáveis. Também conhecidos como action figures, são objetos de exposição que representam os personagens do mundo nerd. Mas, há uma grande diferença entre os colecionáveis do público Geek quando colocados em relação ao público infantil. Calinho Queruz, atendente da empresa Fantoy Colecionáveis, diz que não gosta de se referir ao produto vendido como bonecos. “São principalmente action figures, estátuas e bustos”. No geral, são peças colecionáveis para o público adulto, de 18 até 45 anos.
O preço é muito variável: existem os que custam 10 reais até os que custam 15 mil. O vendedor Marcelo Cury confirma: “Existem pessoas que guardam dinheiro por anos para poder comprar uma estátua do Wolverine”.
![#especialmarvel](https://static.wixstatic.com/media/2d2d25_23d9e730217f42a08e767d3570c2e07d.jpg/v1/fill/w_600,h_400,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/2d2d25_23d9e730217f42a08e767d3570c2e07d.jpg)
#ESPECIALMARVEL
Rodolfo, dono da loja Limited Edition, conta como o mundo nerd ganhou espaço e muitos adeptos desta cultura de fã. “O mercado está numa crescente devido a filmes, séries que retratam ficção, super-heróis O Homem-Aranha, O Homem de Ferro, The Big Bang Theory são bons exemplos”, afirma o empresário. Para ele, houve uma “nerdificação” no comportamento das pessoas nos últimos anos que é bem aceita pela sociedade. “Nos anos 80 e 90, ser nerd era não ter vida social nem namorada, era ter espinha na cara e jeito todo estranho. E hoje não, ser nerd é ser pop.”
O dono da loja pop de São Paulo vê essa mudança “antropolológica” – como ele coloca – do comportamento da sociedade como resultado, também, do avanço tecnológico, das mídias sociais que colocam os esteriótipos Sheldon Cooper ou Leonard, do The Big Bang Theory, como “cools”. “Esses recursos ajudaram a ampliar a visão, a ampliar o mercado e colocar o conceito geek como pop”.
Calinho, da Fantoy, diz que há alguns aspectos que refletem o crescimento do mercado de colecionáveis. Um deles, são os novos nerds, que surgiram com o auge da indústria cinematográfica focada em heróis. “O crescimento desta industria criou um publico nerd muito mais representativo. Este perfil, além de criar novos colecionadores, fez com que todos os que já eram nerds se mostrassem à sociedade, pois ser nerd passou a ser Cool”.
Rodolfo reconheceu esse espaço no mercado. Ele conta que o negocio começou com uma compra excessiva de bonecos e, ao colocar a venda em sites de comércio, os itens se venderam tão facilmente que causou espanto. “Começou por uma informalidade e vendeu tão rapidinho que pensei ‘nossa, deve ter um mercado em cima disso!’. Fui pesquisando, pesquisando, e, quando ainda estava na faculdade, abri a empresa”. De 2006 até 2009 a empresa teve vários endereços até chegar à Rua da Consolação.
![](https://static.wixstatic.com/media/2d2d25_2941a85b92614ff3bf40dd49b743faf1.jpg/v1/fill/w_600,h_400,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/2d2d25_2941a85b92614ff3bf40dd49b743faf1.jpg)
Hoje, a loja é referência para compras. Isso inclui desde famosos brasileiros - como Eliana e Deborah Secco - até atores que interpretam personagens retratados nos bonecos da loja - como o elenco do The Big Bang Theory. “Foi uma surpresa. O pessoal da Warner procurou a gente e disse que viria um pessoal de um seriado para o Brasil e eles precisavam de um lugar para fazer seção de fotos”. A informação não chegou completa, já que os nomes dos atores não foram revelados, mas as redes sociais ajudaram a desvendar o misterio.
“Um dia antes da tão aguardada visita, os atores tuitaram ‘Estamos no Brasil!’. Nos preparamos, pegamos autógrafos, tiramos fotos, conversamos. Foi muito legal ver o pessoal que a gente assiste pela TV e admira”. O evento teve que acontecer com as portas fechadas, o público não teve acesso, mas as fotos estão espalhadas pela loja ostentando o orgulho de tê-los recepcionado ali. Ele admite que a série The Big Bang Theory, cheia de referências a artigos nerds, é uma das grandes responsáveis pelo sucesso da loja.
Apesar de não se considerar nerd e de não ser adepto a leitura de quadrinhos, Rodolfo é dono de uma coleção que nem ele mesmo sabe precisar. “Acho que tenho entre 250 peças a 400. Tenho desde peças que valem dois mil até peças que valem 13 reais, por exemplo, uma coleção da Lego que saiu dos Simpson que comprei. Varia bastante”. O jovem empresário revela que sua coleção não chega nem perto em tamanho de alguns de seus clientes. “Tem o cara que não coleciona só o boneco. Tenho um cliente que coleciona bonecos, tem uma coleção de Harley-Davidson e de carros antigos, as vezes uma coleção e abre o leque para outras vertentes”. Para ele, um colecionador assíduo tem em torno de 5 a 10 mil action figures em casa.
O ator Leando Pelisciari, de 29 anos, coleciona desde os 14 e conta que já gastou mais de dois mil reais só com bonecos do Elvis Presley: “Sou viciado, cara. Quando falta um na minha coleção, eu tenho que ir atrás. É uma conquista que eu tenho que fazer”. Além das representações do Rei do Rock, ele coleciona figuras do Hulk, porque é palmeirense fanático.
![](https://static.wixstatic.com/media/2d2d25_b8ebb614dc184ff58398c195e53dda37.jpg/v1/fill/w_370,h_555,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/2d2d25_b8ebb614dc184ff58398c195e53dda37.jpg)
Assim como Leandro une o seu amor pelo Palmeiras com o ato de colecionar figuras, o publicitário Renato Góes também une duas de suas maiores paixões: a fotografia e o universo nerd. “Às vezes, eu tiro um dia inteiro para pensar como vou tirar a foto. Eu pego o boneco, penso no melhor cenário, na melhor posição para colocá-lo”.
As fotos de Renato já ganharam reconhecimento de outros colecionadores e até mesmo da própria Disney. Ele afirma que o ato de colecionar bonecos e divulgar isso nas redes sociais - no caso dele, através de fotos - é um viés para proporcionar uma troca de afinidades e conhecimentos sobre o universo geek no geral.
Confira alguns trabalhos do Renato no Instagram do MackCultura e o #EspecialMarvel com fotos de action figures dos heróis da Marvel.
“As pessoas não precisam ter vergonha mais de ter colecionáveis, de ter bonequinhos, de ler quadrinhos, de participar dessa cultura. Eu acho que o momento é muito favorável. As lojas de brinquedos, hoje em dia, não vendem só para crianças”, afirma Renato.
Segundo o fotógrafo, o consumidor compra um livro que depois vira uma série de televisão, serve de inspiração para um jogo de video game e ganha figuras de ação; bonecos. A indústria se prepara para que um único produto caminhe por vertentes que atinjam a várias mídias. E o mercado dos bonecos, sem dúvidas, está entre elas.